meu infinito particular...

sexta-feira, 6 de abril de 2012


— Quero te comer.

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Isso era o máximo de palavras nas preliminares, o que você considerava o abre-te-sésamo do meu tesão. Eu virava o pescoço estudadamente e olhava com aquele olhar blasé como quem diz te conheço?, mas você não parecia entender — nem o olhar, nem a minha recusa em dar. Porque, combinemos, dar é muito bom, é muito saudável, é salutar, a pele fica boa...  o cabelo fica uma desgraça, mas tudo vale a pena por uma boa trepada. E ainda que eu tivesse assim uma loucura inexplicável por você, ainda que eu quase sempre dispensasse o 2-8-2 das preliminares de manual, ainda assim, meu caro, mulher gosta de ter o passe valorizado, é preciso que você saiba disso, é preciso que aprenda — e eu te digo isso agora, tarde assim da noite, quando nem mais tenho notíciais de você, porque ficou uma certa consideração, como um tributo tardio à nossa história. E estou bebendo saquê desde as 8 da noite, só para constar.

Que eu tenho consciência de que não é todo dia que aparece um cara capaz de foder e gozar cinco vezes num intervalo de 6 horas, eu sei, minhas amigas sabem, até minha mãe já havia me contado isso, mas esse detalhe não faz de você um deus (bem, talvez faça, eu admito que sim, um pouco, talvez você seja um deus com super poderes —ou super potência), só faz de você um cara capaz de fazer uma mulher gozar como nenhum outro, nem antes nem depois. Urrar, meu bem, agora eu sei como é, como também sabem os meus vizinhos, o zelador, a menina que passava pela rua todo dia, mesmo horário, a caminho de casa. Porque isso você fez bem, me ensinou a urrar. E, já que estou assim tão confessional, talvez por causa desse saquê destravador de pensamento, vou contar que nunca antes, nem depois, amei um pau como amei o seu.

Porém, meu caro, mesmo você portando esse pau de ouro, mesmo eu sabendo que iria urrar se você o enfiasse em mim, ainda assim eu espero mais do que um quero te comer de um cara a quem estou querendo amar. Porque de vez em quando até dá pra brincar de selvagem e pular no colo à simples menção de um quero te comer dito apropriadamente, com a dose certa de macheza, a coisa meio rouca, meio imperativa, meio sussurrada, tudo ao mesmo tempo dito no ouvido enquanto a mão trabalha o 8 com a pressão devida. E é preciso admitir que um quero te comer dito com força, quando estou de bruços e você vem por cima , ah!, dá um tesão incrível, desperta o bicho — que não há que se esperar delicadeza num momento crucial como esse na vida. Mas nos outros 336 dias do ano, quando falar com uma mulher que você quer comer, mesmo que seja muito, ainda que seja urgente, faça um favor, querido: minta.  Diga que ela é especial, diga que o cheiro dela é excepcional, diga que ela tem a melhor boca que você já beijou, o melhor gosto que você já sentiu.  Isso, meu bem, apenas isso, quando você aprender, vai tornar você um homem,  vai transformar você em alguém digno de se sentir saudade.


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