Cansei de escrever tanto sobre uma
coisa que ninguém sabe ao certo o que é. O amor escrito é um conjugado
de suposições pessoais, um amontoado de expectativas, uma tonelada de
sonhos juvenis aprendidos nos contos de fadas, nos filmes hollywoodianos
ou nas novelas mexicanas. O amor é aquilo que nos faz deixar de
enxergar a realidade para buscar o inalcançável, é o que nos faz esperar
pelo impossível, testar as resistência do real até que ele seja luído
em cada centímetro.
Nós nos
escondemos nesse tal amor inexistente, nesse sentimento que apenas
Julietta e Romeu viveram em um sonho criativo de Shakespeare. Por trás
desse amor ninguém é suficientemente bom, nenhum homem ou mulher é capaz
de se fazer aceito. Esse tal amor idealiza o perfeito, escava passados
limpos, futuros brilhantes sem raladuras, sem trincar o vidro rígido que
separa um ser humano do outro.
Cansei
mesmo dessas tantas expectativas frustradas, de falar de um amor ferido
por não ter dado conta de se realizar e se sustentar com os dias tão
tensos que vivemos. Me enjoei dessa busca sublime de um amor quadrado e
rosado, cheirando a pureza e tolerância infinita, desse amor sem
brechas, sem culpas, sem espinhos. Deu pra mim essa história de casal
compatível em seus detalhes, de superar tudo em prol do sentimento, da
supremacia do amor àquele que te fere, te falta, te substitui.
Isso
não pode ser amor. Mas se for, cansei dele. Quero achar, talvez
descobrir, quem sabe inventar, outro modo de estar para alguém. Desejo
um sentimento menos comercial, que nem combine tanto com as propagandas
de margarina, que não apareça nas novelas da Globo, e que nem chegue a
ser indicado ao Oscar nos filmes americanos.
Só
é amor o que é infinito, incondicional, tolerante? Desculpem-me a
ingenuidade, mas... isso faz alguém feliz? Onde está esse sentimento
real, do dia-a-dia, que cansa, que questiona, que duvida, que desiste?
Onde está a ambiguidade, o direito de se enraivecer daquele para quem
dedicamos dias, pensamentos, planos?
Eu
preciso encontrá-lo em algum canto, seja em textos confuso, seja em
músicas cafonas enterradas no fundo de uma caixa de LP's, seja onde for.
Preciso encontrá-lo para saber que ele existe, acontece, e que as
pessoas se dão conta disso. Preciso acreditar que existem outros modos
de amar, que não tão absoluto, como se isso me certificasse de que sou
capaz de amar alguém.
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